(de Massy Tadjedin. Last Night, EUA, 2010) Com Keira Knightley, Sam Worthington, Eva Mendes, Guillaume Canet. Cotação: **
Chegou com um atraso medonho nos nossos cinemas esse mais novo trabalho Massy Tadjedin, estreando como diretora após conquistar certo prestígio como roteirista de “Camisa de Força” (2005), filme que também tinha Keira Knightley no elenco. Com o intuito de trazer situações destoantes acerca da infidelidade, “Apenas Uma Noite” faz com que não saibamos ao certo o porquê muitos desses jovens cineastas querem ganhar a atenção do público (e não seria falsa pretensão dizer que eles também desejam reconhecimento artístico), mas sem trazer algo de relevante dentro daquilo que está parecendo propor no próprio trabalho. Desperdício total de talento, o que não deixa de ser lastimável.
Numa Nova York filmada em Londres, conhecemos um jovem casal que está casado há três anos. Ele é Michael (Sam Worthington, de “Avatar”) , um homem de negócios, prestes a viajar para Filadélfia por conta de compromissos profissionais. Ela é Joanna (Keira Knightley, de “Um Método Perigoso”), uma jornalista freelancer que se encontra até mesmo insegura pelo fato do marido está indo viajar com uma colega chamada Laura (Eva Mendes, de “Dia de Treinamento”), a quem ela considera tão atraente, que chega a ser um perigo. Mas durante a ausência do marido, ela se reencontra com Alex (Guillaume Canet, de “A Praia”), um escritor francês com quem se relacionara no passado, e parece ter reacendido o interesse de Joanna por ele.
Por começar de uma forma até promissora, fica nítido que “Apenas uma Noite” estava querendo se garantir numa coisa até bem simples: conquistar o interesse do público até o fim, só pra saber se a traição de Joanna ou Michael será, de fato, consumada. O jogo é somente esse. Qualquer movimento dos olhos, uma fala aguardada e atitudes dos personagens, ficamos prestando atenção para saber se será confirmado aquilo que tanto torcemos para que não aconteça (ou não). Alguns casais podem até se identificar, seja na insegurança tão humana da personagem de Keira, ou com a luta contra os seus próprios instintos travada por Michael. Independente das situações, dizer que se identificou com o filme no todo não será algo que você falará por muito tempo, acredite.
Reconheço a tentativa até bem vinda de desenvolver os quatro personagens. A personagem de Eva Mendes, por exemplo, ganha voz, nem que seja para dizer como ela mesma não se arrisca a se responsabilizar pelos próprios atos, entregando-os ao acaso. Mas, por outro lado, a vã preocupação em garantir contornos aos personagens pode ter feito com que a roteirista-diretora não desse conta do recado quando se trata de direção de atores. Keira está mega apagada (diria que fez um quase regresso para a época que ainda era uma mocinha inexperiente), Sam Worthington é um eterno homem de cera, Eva Mendes... bem... continua linda, e Guillaume Canet (que foi recentemente pai do filho de Marion Cotillard), possui um carisma forçoso.
Com todas essas potências (discutir infidelidade entre adultos e personagens desenvolvidos), mas que, por outro lado, chega a ser decepcionante e com o elenco enfraquecido, é que vos digo que, quando se trata de “Apenas uma Noite”, os grandes traídos dessa história toda somos nós mesmos.