sexta-feira, 3 de junho de 2011

Contatos Imediatos de Terceiro Grau [1977]


(de Steven Spielberg. Close Encounters of the Third Kind, EUA, 1977) Com Richard Dreyfuss, François Truffaut, Teri Garr, Melinda Dillon, Bob Balaban. Cotação: *****

Estamos falando aqui de um Steven Spielberg que surgia como o grande nome do blockbuster americano. Somente no final dos anos 70/início dos 80, ele lançou “Tubarão” (75), “Os Caçadores da Arca Perdida” (81) e “E.T. – O Extraterrestre” (82). Ele é também o melhor exemplo para afirmar que nem sempre blockbuster é sinônimo de qualidade discutível, que visa lucro acima de qualquer comprometimento mais “artístico”. Spielberg foi talvez o único cineasta capaz de brincar com o desconhecido e como isso afeta os seres humanos, transformando a emoção como principal meio para descaracterizar um objeto de temor. Seja um extraterrestre ou um tubarão, o principal recurso que ele faz uso para dar essa devida tensão é ora as reações de seus personagens, ora artifícios muito bem alinhados do cinema (a trilha sonora é a mais óbvia). “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” é um exemplo irrefutável.

Estranhos acontecimentos estão sendo vivenciados ao redor do mundo. No Deserto de Sonora e no de Gobi, aviões da Segunda Guerra e uma embarcação em ótimo estado reaparecem do nada em meio à areia. No controle de Tráfego Aéreo de Indiana, surgem objetos não identificados em seus monitores. E em cinco municípios dali, pessoas passam por experiências impressionantes, tendo contato com ÓVNIS. Dentre elas, o eletricista Roy (Dreyfuss), que fica obcecado pela visão de uma montanha, assim como o pequeno Barry, e sua mãe Jillian (Dillon). A equipe de pesquisa liderada pelo francês Claude Lacombe (Truffaut) sai em busca de uma forma de contato (que se daria através de uma comunicação tonal) com os seres estranhos, enquanto as pessoas afetadas pela visão da montanha (ou as cinco notas em escala menor que as naves tocam) tentam descobrir o que significam essas coisas.

“Contatos Imediatos de Terceiro Grau” certamente é o melhor filme sobre essa questão da ufologia. Tudo bem que parte de uma situação positiva, onde o contato entre humanos e extraterrestres se daria de uma forma pacífica. Ainda assim, o clímax tão bem trabalhado por Spielberg deságua em um final excelente, assim como todo o filme. É ótimo quando assistimos a um longa onde o trabalho do diretor exerce seu fim de maneira completamente eficaz. Brinquedos se fazem assustadores, crianças e seu encantamento com o não-natural ou brigas familiares que não saem de seu propósito. São todas contribuições para dar veracidade ao tema tratado ali. São pontos positivos que jamais podemos deixar de notar.

A trilha sonora de John Willians, o gigante músico, está infalível. E o que dizer do trabalho de Richard Dreyfuss? Excepcional! A participação de François Truffaut como ator é não só uma grata surpresa, como reserva momentos emocionantes, envolvendo os sinais de Zoltan Kodály. A união de diversos elementos, dando cada vez maiores atribuições para a forma (a montanha de Wyoming) e o som (as cinco notas de comunicação) é o que torna esse filme um exemplo DO QUE É o cinema de Spielberg. È uma pena em que hoje em dia, de fato, filmes encomendados para obtenção de lucro descarado possuam, em muitos dos casos, comprometimento técnico, mas poucas vezes, não contenham uma carga de emoção. Emoção de verdade, aquela em que nos mantém atônitos, ansiosos. Aquela que nos faz ter prazer e orgulho de amar o cinema em todas as suas extensões.

3 comentários:

  1. E se eu lhe disser que ainda não vi os "clássicos" de Spielberg? Pois é...

    ResponderExcluir
  2. Concordo inteiramente... Spielberg é um dos poucos que consegue fazer de blockbusters trabalhos realmente especiais.

    A cena em que vemos o ET dando um sorriso é algo tão tocante que chego a perder o folego!

    Hehe


    Abraços!

    ResponderExcluir