quarta-feira, 23 de março de 2011

Sexo Sem Compromisso [2011]


(de Ivan Reitman. No Strings Attached, EUA, 2011) Com Natalie Portman, Ashton Kutcher, Kevin Kline, Cary Elwes, Greta Gerwig, Lake Bell, Olivia Thirlby. Cotação: *

Reza a lenda que quando um artista ganha o Oscar, sua carreira vai para o limbo. Escolhas ruins para projetos e atuações medíocres que fazem com que o Oscar tenha sido algo inexplicável. Foi assim com Mira Sorvino, Cuba Gooding Jr., Marisa Tomei e Halle Berry, para citar os casos mais famosos. Ainda não é hora de saber se isso irá pegar em Natalie Portman, mas todo cuidado é pouco. A infelicidade dela (ou não) é saber que "Sexo Sem Compromisso" é o primeiro filme protagonizado por ela que nós vemos após sua merecida vitória de Melhor Atriz no Oscar deste ano pelo seu visceral desempenho em "Cisne Negro". E avaliando a canalhice do filme, não tem como não pensar na “maldição do Oscar”.

Natalie interpreta Emma, uma médica bem sucedida que após vários encontros e desencontros (acontecidos das formas mais absurdas) com o produtor de TV Adam (Ashton Kutcher), acaba transando com ele (por uma razão mais absurda ainda). Acontece que ela não é o tipo de mulher que queira um relacionamento sério. O que ela propõe é uma “amizade com benefícios”, alguém com quem ela transe ocasionalmente e não tenha a obrigação de ligar no dia seguinte. Ele inicialmente topa a proposta, mas obviamente sabemos que os dois acabarão se envolvendo a ponto de concluir que esse tipo de relação não é uma ideia tão boa quanto Emma planejara.

Essa discussão sobre “Amizade com benefícios: tem como dar certo?” é quase uma questão sabotada pelo filme, até porque, durante todos os anos em que os personagens centrais se encontram, sempre rola aquela tensão entre casais que são secretamente apaixonados, de ambas as partes. Ou seja, não tem como levar a sério o argumento apresentado pelo filme, não só por ser um gênero que já é previsível, mas por situações que não fazem a curiosidade se tornar presente. Logo no início, ao mostrarem que Emma se sente incomodada por Adam ter uma namorada (a cena se passa um tempo antes do presente cronológico do filme), já temos a certeza de que, mesmo que ela seja prática o suficiente por não querer se envolver, ela com certeza não é tão imprevisível assim.

Por acompanhar a carreira de Natalie de perto por tanto tempo (é uma das minhas preferidas atualmente), acabo a vendo como uma profissional séria demais. Por isso me impressiona que ela, além de atuar numa comédia romântica com Ashton Kutcher (percebam o nível!), e não só, produzir o projeto, acaba sendo algo incômodo. É válido por um lado, porque temos a certeza de que ela é multi talentosa em qualquer gênero ou situação, porém é desvantajoso pra ela, principalmente no ponto atual que se encontra sua carreira. Não que ela não teria permissão para se lançar numa comédia romântica (Natalie é capaz de tudo), mas a vendo num filme que não funciona em quase nada, é inevitável perguntar “Por que agora?”.

Ashton Kutcher continua o mesmo bobão, sempre parece interpretar a si mesmo. Nenhuma supresa até aí. Kevin Kline fazendo um astro de TV envelhecido apresenta bons momentos, até surpreende, mas ele faz parte de um conjunto de coadjuvantes de circundam o casal principal, e todos, exatamente TODOS eles são desinteressantes e vergonhosos, além de existirem em função de Adam e Emma. Nenhum é capaz de se sobressair como aqueles amigos engraçadões do cara ou as amigas – e o típico amigo gay – da garota. Ou seja, "Sexo Sem Compromisso" é tão comum quanto a maioria das comédias românticas, o diferencial é trazer como protagonista a notável Natalie Portman, que está pelo menos graciosa e ilumina um pouco a tela, mesmo quando acompanhada de Ashton Kutcher.

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