segunda-feira, 20 de junho de 2011

Halloween - A Noite do Terror [1978]


(de John Carpenter. Halloween, EUA, 1978) Com Jamie Lee Curtis, Donald Pleasence, Nancy Kyes, P.J. Soles, Kyle Richards. Cotação: *****

Eu terminei de assistir “Halloween” com aquela convicção de que John Carpenter é O cara, mesmo não sendo levado a sério na maioria das vezes. Ele, praticamente sozinho, escreveu um roteiro que ele idealizou – nesse caso, em companhia de sua colega fiel Debra Hill (1950-2005), além de ter produzido, dirigido, ter composto a famosíssima música tema do filme. Inclusive, é dele a voz do namorado de uma das personagens que é ouvida no telefone. Foi graças a esse entusiasmo que ele conseguiu levantar esse filme com um orçamento risível para a época, mas que conseguiu a proeza de se tornar um dos filmes mais lembrados do terror, fazendo escola e sendo reconhecido até hoje como um clássico obrigatório do gênero.

Nos anos 60, um crime choca a pacata cidade de Haddonfield, em Illinois. Uma adolescente é brutalmente assassinada com golpes de faca. O criminoso? Nada menos que Michael Myers, o irmão caçula da vítima, um garoto de apenas seis anos de idade. Levado para o Sanatório Smith Groove, ele passará 15 anos sob supervisão do Dr. Loomis (Pleasence), até que em 1978, ele consegue fugir e retornar para Haddonfield. A cidade segue a tradição do Halloween, com crianças batendo de porta em porta perguntando “doces ou travessuras?”, abóboras sendo esculpidas e adolescentes descobrindo os prazeres das festinhas particulares. Mas a chegada de Michael poderá acabar com a animação desses jovens, principalmente da colegial Laurie (Lee Curtis).

Os elementos que John Carpenter utiliza em “Halloween” são responsáveis pelo título de genialidade que o filme tombou. A música, mesmo causando a óbvia sensação de inquietude, com apenas algumas notas criadas de prontidão pelo diretor, é apenas um exemplo que posso citar para confirmar a qualidade da obra. As tomadas são ousadas, com planos extensos e ângulos que podem parecer chavões no terror (como o assassino aparecendo atrás das mocinhas), mas que aqui são feitos de uma maneira tão correta, que a sua finalidade é manifestada com sucesso. Pois se a intenção é criar tensão. John Carpenter consegue com maestria.

A cidade quase inóspita (o orçamento apertado não possibilitou a contratação de figurantes) com a visão típica do outono é outro componente que se deve levar em consideração para o bom terror. A máscara do serial killer (que alguns até nem sabe que foi baseada no rosto de William Shatner, astro de “Star Trek”) se tornou um sucesso, figurinha acertada em qualquer baile de Halloween até hoje. A decisão de não mostrar a face do psicopata também garante a tensão do filme. Elencar todos os elementos não é algo difícil, afinal, até uma criança pode saber quais são os lugares comuns do terror. Mas, usá-los com moderação e eficácia, é tarefa que muito marmanjo não consegue ou nem sabe como faz.

A paixão de John Carpenter pelo terror foi responsável até pela escolha de Jamie Lee Curtis – aqui uma estreante de apenas 20 anos – para o papel principal. Seria influência do mestre Alfred Hitchcock (1899-1980), que deu à Janet Leigh (1927-2004), mãe de Jamie, um papel igualmente importante no clássico “Psicose”, de 1960.

Toda essa boa construção em prol do bom exemplar do terror reserva até mesmo um ponto importante. Quase não há sangue no filme, nem violência desnecessária para a condução da história. Relacionando com todas as reanimações dos filmes de terror juvenil que vão ocorrendo nos anos subseqüentes (na realidade, esses filmes nunca chegaram nem perto de morrer), é fácil dizer a imposição de cada vez mais violência visual aliada à sensualidade vista nas telas. Não que eu seja contra sangue e sexo (que segundo Tarantino, é o que torna o cinema divertido), mas “Halloween”, mesmo se tratando de um serial killer que se sente afrontado por essa sexualidade, não toma isso como um principal atrativo. Tudo faz parte de uma boa condução de suspense.

Ainda bem que, graças a fama que o filme carrega até hoje - que o confirma como um verdadeiro clássico - não chega a ser difícil que as pessoas reconheçam o que eu falei nesse texto.

3 comentários:

  1. Por todos os detalhes citados no texto, considero "Hallowen" uma das melhores "sagas" de terror do cinema.

    Abs. Linno.

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  2. Hummmm... Discordo um pouco. hahaha
    Assisti há alguns anos mas não achei grande coisa. Claro que a trilha é foda, a Jamie é ótima, mas não sei. Não fiquei tenso, pelo contrário, fiquei até meio entediado. Preciso rever pra opinar melhor.

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