sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Missão Madrinha de Casamento [2011]


(de Paul Feig. Bridesmaids, EUA, 2011) Com Kristen Wiig, Maya Rudolph, Jill Clayburgh, Wendi McLendon-Covey, Ellie Kemper, Melissa McCarthy, Rose Byrne, Jon Hamm, Chris O'Dowd.Cotação: ****

É bem compreensível saber que esta boa comédia não tenha feito o devido sucesso no Brasil (por pouco não saiu diretamente em DVD, indo para o cinema para quase passar despercebida). O filme brinca com o modo como os americanos organizam o casamento, e, mesmo que as damas de honra sejam equivalentes as madrinhas de casamento brasileiras, a dinâmica aqui é outra, o que deixa o título nacional um pouco discutível (embora não tenha chance de outra tradução, a não ser mudar completamente). Outro fator são os próprios atores, em grande parte conhecidos pelos seus papéis na TV, em seriados de grande sucesso por lá, e que aqui são assistidos somente por quem gosta de séries.

É engraçado ver, por exemplo, Don Draper (interpretado por Jon Hamm na classuda “Mad Men”) fazendo um cafajeste no século XXI, ou o desconcertado nerd de “IT Crowd” (o irlandês Chris O’Dowd) fazendo o potencial mocinho da história. Tem até Rose Byrne fazendo uma mulher fútil (ao contrário de Ellen Parsons de “Damages”), e a opulência de Melissa McCarthy, última vencedora do Emmy de Melhor Atriz em Série de Comédia pelo seu trabalho em “Mike & Molly”.

Tudo na vida de Annie (Kristen Wiig) não poderia estar pior. Balzaquiana, não encontra um emprego decente desde que fechou sua confeitaria, vitimada pela recessão americana. Ela divide apartamento com dois losers britânicos (que são irmãos), e sua vida sexual se resume a encontros com um cara que a dispensa na manhã seguinte. As coisas só pioram quando Lillian (Maya Rudolph), sua grande amiga de infância, anuncia que vai se casar e a chama para ser uma de suas damas de honra. Só que Lillian acaba se aproximando mais de Helen (Rose Byrne), sua nova companhia, que se dispõe a organizar toda a cerimônia, causando um intenso ciúme em Annie.

Escrito pela própria Kristen Wiig, juntamente com sua amiga Annie Mumolo (que faz ponta no filme fazendo a mulher desesperada com medo da decolagem do avião) é a grande chance de Wiig finalmente brilhar. A comediante, que já vem com experiência de seis anos no “Saturday Night Live” (ou seja, mais uma figura da TV americana), prova que a ausência de uma oportunidade pode ser a causa de muito talento desperdiçado por aí. Ela faz com que o filme seja dela, criando situações clássicas nas comédias, como causar constrangimento por estar embriagado ou estar na desconfortável situação de dor de barriga por conta da comida estragada (sobrou para o churrasco brasileiro). Situações estas que são bem comuns em comédias protagonizadas por homens, e que ela reverte para dizer que mulher também sabe fazer comédia, numa indireta até para Judd Apatow, um dos diretores mais aclamados da comédia (machista?) atualmente, que está aqui como produtor do filme.

Mesmo tendo sido feita para arrancar gargalhadas, “Missão Madrinha de Casamento” tem algumas particularidades que o torna mais consistente, como o investimento em construção de situações, com suas cenas mais livres em conversa (principalmente no início e na apresentação da “moral da história”), e claro, tirar um sarro de algo que poucas vezes fica bem retratado numa comédia feminina: o fato de que as mulheres são MEGA competitivas. A rivalidade entre elas e os ataques de ciúmes acabam gerando boa parte dos melhores momentos do filme, que só tem como único defeito ser longo demais. Comédias muito longas, por um fato curioso, acabam perdendo o ar da graça, e pode acabar se inclinando para outra coisa, mas nesse caso, essa extensão no tempo não chega a esse ponto. Digamos que ficou no limite.

“Missão Madrinha de Casamento” é uma comédia que, em época onde humor feminino anda tão em baixa, o filme acaba se tornando um verdadeiro achado.

7 comentários:

  1. é uma versão feminina de "Se Beber, Não Case" só que mais fraquinha.

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  2. Adorei esse filme. Como comédia, atinge perfeitamente seu objetivo de divertir bastante. E ainda tem o plus, como você disse, de ser uma comédia "suja" feita por e com mulheres, tão boa quanto outros hits do gênero lançados recentemente.

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  3. Uma comédia que me surpreendeu e me fez rir muito mais do que eu ria. Adorei ver o discurso, a cena em que Annie imita Helen no carro e toda a sequência do avião. Só achei que o filme perdeu o fio da meada no fim, mas nada muito comprometedor.

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  4. Gostei muito do filme e conseguiu me arrancar umas boas e honestas risadas...
    Abs.

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  5. É uma pena que, como você disse, tenha fracassado no Brasil. Mas acho que seja principalmente pelos atores e pelo estilo de humor, atípico para brasileiros - Superbad chega a ser um cult por aqui. E, claro, o alvo dessas comédias costumam ser os homens, sendo que desta vez eles foram afastados, mas as mulheres, em compensação, não se sentiram muito atraídas também. Enfim, eu adoro o filme, foi uma descoberta da atriz de Mike and Molly, que eu via os comerciais e não gostava. O inglês da série The It Crowd arrasa também, é ótimo que estejam dando papéis no cinema pra ele!

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  6. Olá!

    Achei interessante você notar a abundância de profissionais da televisão neste filme. Até mesmo o diretor Paul Feig é natural das comédias televisivas, tendo deixado sua marca em séries como "The Office" (que comandou até este ano) e "Arrested Development" (esta, genialíssima).

    E isso me leva a um pensamento que ando tendo há muito tempo; o de que o cinema carece de boas, digo, realmente boas comédias. Adorei Missão Madrinha de Casamento, mas o filme não chega ao patamar de genialidade que pode ser conferido anualmente em diversas produções de outros gêneros. Há, sim, uma pequena porção de boas comédias a cada ano. Mas praticamente não há mais comédias geniais, daquelas que te fazem rir descontroladamente e que não apresentem falhas.

    Hoje em dia, se você quer rir às pencas e apreciar tipos diferentes e inteligentes de humor, você tem que rumar para os seriados de televisão.

    Não é à toa que quando um monte de gente da telinha invade a telona pra fazer comédia, algo bom é produzido, ainda que, como disse, não perfeito, não genial. Mas eu espero que essa situação se reverta, talvez com mais talentos da televisão migrando para o cinema.

    http://www.lumi7.com.br/2011/09/missao-madrinha-de-casamento.html

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