quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um Peixe Chamado Wanda [1988]


(de Charles Crichton. A Fish Called Wanda, EUA/Inglaterra, 1988) Com John Cleese, Jamie Lee Curtis, Kevin Kline, Michael Palin, Tom Georgeson. Cotação: ****

Resolvi assistir “Um Peixe Chamado Wanda” após ficar um bom tempo sem ver uma boa comédia dos anos 80, com um clima que eu tanto venero. Escolher este filme não foi por acaso, já que se trata de um dos melhores exemplares deste gênero, numa época saudosa quando filmes de comédia tinham um mínimo de inteligência (em forma de provocação). O texto, escrito por John Cleese, uma das cabeças por trás do “Monty Python”, acabou servindo de base para o último filme do diretor Charles Crichton (1910–1999), que projetou Jamie Lee Curtis nas comédias (apesar de ainda ser sempre lembrada pelos filmes da franquia “Halloween”), e ter dado o Oscar de ator coadjuvante para Kevin Kline.

Wanda (Jamie Lee Curtis) e Otto (Kevin Kline) são dois vigaristas americanos que estão na Inglaterra para se juntar ao mafioso Georges (Tom Georgeson), que pretende fazer um grande assalto a uma joalheria. Neste grupo, também se encontra o gago e defensor dos animais, Ken (Michael Palin). O problema é que Otto e Wanda possuem uma aliança interna (fingem serem irmãos, mas na verdade são amantes) e delatam George. Com ele na prisão, a dupla de vigaristas tenta saber onde foram parar os diamantes roubados e, Wanda fará de tudo para conseguir isto, nem que seja preciso conquistar Archie Leach (John Cleese), o advogado certinho de George, que talvez saiba o paradeiro das jóias.

De certo modo, toda essa trama não passa de um grande disfarce. O roubo da joalheria e a busca pelos diamantes são desculpas esfarrapadas para situações hilárias. A dupla Curtis-Kline rouba praticamente todas as cenas em que aparece. Como não rir de uma mulher que perde completamente os sentidos, tamanha a excitação ao ouvir um homem falar em italiano (ou russo, whatever)? E um cara violento que não suporta ser chamado de estúpido, porque ler filosofia faz dele um cara extremamente inteligente, mas solta pérolas como “cada um por si é um dos lemas do budismo” e “Aristóteles era belga”, além de fazer piadas soltas com os ingleses.

Isso sem falar na função do personagem de Michael Palin (outro integrante do "Monty Python" que acabou alcançando fama internacional), que fica com a tarefa de matar a testemunha-chave da acusação de George, uma velhinha cheia que yorkshires, que atrapalham o quanto podem a tarefa do ingênuo capanga.

Em sua essência, “Um Peixe Chamado Wanda” é uma comédia sobre a linguagem. Além das constantes piadas com a educação excessiva (e por vezes dispensável) dos ingleses e o respeito que eles devem aos americanos (Otto diz que, se não fosse os EUA, os ingleses estariam falando russo). O exemplo do escárnio fica por conta da família impagável do britânico interpretado por John Cleese. É um ótimo passatempo, que nos dá ainda mais motivos para sentir saudades de uma época onde as comédias faziam rir pelas convenções. E tudo fica ainda mais curioso pelo fato de gostar tanto de uma época que eu mesmo - apesar de já ter dois anos de idade no ano de lançamento do filme - não cheguei a vivenciar.

3 comentários:

  1. - tenho uma certa curiosidade em relação a esse filme, mas não o encontro em dvd!

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  2. Inteligente e divertido. O Crichton merece ser mais valorizado.

    O Falcão Maltês

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  3. Putz, excelente sua crítica. Jurei que fosse apenas mais um filme de sessão da tarde, mas com nomes como John Cleese e Michael Palin, meus dois integrantes favoritos do Monty Python, é impossível não conferir. Admito que dei risadas só de ler a piada. Vou correndo assistir e voltarei, com certeza, pra comentar e deixar minhas impressões! Abraços!

    http://www.lumi7.com.br/2011/12/um-close-up-na-setima-arte-taxi-driver.html

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