sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Taxi Driver [1976]


(de Martin Scorsese. Idem, EUA, 1976) Com Robert De Niro, Albert Brooks, Peter Boyle, Jodie Foster, Harvey Keitel, Cybill Shepherd. Cotação: *****

“Taxi Driver” talvez seja tão bom por um motivo bem simples, e ao mesmo tempo, bastante complexo: emergir um olhar diferente de um lugar do qual estamos habituados a ver em outras situações. Eu, pelo menos, sempre me senti atraído pela Nova York de Woody Allen, com suas simpáticas ruas, inúmeras pessoas que transitam por ali, e um charme que não carece de muita justificativa. Por isso, ver um filme como “Taxi Driver”, onde o inesquecível Travis Bickle (Robert De Niro) define Nova York como “um grande esgoto a céu aberto” (ele resume o que convive diariamente), já traz a tona um novo olhar do lugar que o cerca, e exatamente por isso, o filme já vai firmando sua devida importância.

Travis é um anônimo aleatório que se prontifica a trabalhar como taxista noturno para preencher o seu tempo ocioso. Insone e por vezes misógino, ele leva sua vida dirigindo pela noite nova-iorquina na madrugada e freqüentando cinemas eróticos durante o dia. Fica interessada Betsy (Cybill Shepherd), uma funcionária do comitê de campanha de um senador candidato à presidência, mas sua degradação social vai ficando cada vez mais presente, e ela o ignora. Até que um dia, se impressiona com Iris (Jodie Foster), uma prostitua de apenas doze anos, que entra em seu táxi para escapar do seu cafetão, o explorador Spot (Harvey Keitel). Cada vez mais indignado, ele vai planejando sua causa social, a fim de corrigir parte da sociedade.

Começando como um homem como qualquer outro, aos poucos Travis vai se mostrando um ser mais singular, capaz de exteriorizar os seus demônios interiores, e ainda voltar à socialização. Desse modo, o roteiro de “Taxi Driver” mostra, com excelência, o que é um arco dramático. Em toda e qualquer aula de roteiro, uma das coisas que mais são prezadas é o tal do arco. Robert De Niro está absolutamente entregue a este papel. Sua transformação física e psicológica é algo impressionante, e se o roteiro foi capaz de elevar “Taxi Driver” como um dos melhores filmes da carreira de Scorsese, De Niro está também em uma de suas melhores performances, e é responsável direto pela figura tão estudada que é Travis. A parceira entre o ator e Scorsese estava apenas no início, e mais tarde se consagraria em filmes como "Touro Indomável", "Os Bons Companheiros" e "Cabo do Medo".

Jodie Foster, com apenas 12 anos, interpretando a jovem prostituta de cachos loiros também está muito bem. Ela já vinha seguindo uma carreira interessante como atriz mirim, mas foi com “Taxi Driver” que ela acabou sendo descoberta, e tão jovem, conseguiu sua primeira indicação ao Oscar (só ganharia mais tarde por “Acusados” e “O Silêncio dos Inocentes, de 88 e 91, respectivamente). Outro ponto que não faz parte do elenco, mas que também ajudou no legado de “Taxi Driver” é a música recorrente e inebriante de Bernard Herrmann (1911–1975), que de tão peculiar, acabou se tornando uma das marcas registradas do filme.

“Taxi Driver” é um dos exemplares de uma das melhores fases de Martin Scorsese. E ainda dá pano pra manga para discussões do que seria a figura do herói em uma época na qual a mídia poderia ser responsável pela transformação de uma pessoa comum em mocinho ou vilão. Pensando bem, ainda hoje as coisas não estão muito diferentes.

4 comentários:

  1. Obra-prima suprema de Scorsese! Obra-prima!

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  2. Melhor atuação do Robert de Niro, pra mim, claro.

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  3. Um dos melhores filmes da história do cinema. Do tempo em que De Niro era um grande ator.

    Cumprimentos cinéfilos!

    O Falcão Maltês

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  4. Taxi Driver é meu Scorsese favorito, e o segundo favorito de todos os tempos. Já vi inúmeras vezes, de forma que sei até algumas falas, admito. Você só esqueceu de citar Paul Schrader, responsável por boa parte do brilhantismo do filme: o roteiro. Enfim, já falei dele exaustivamente na minha análise: http://www.lumi7.com.br/2011/12/um-close-up-na-setima-arte-taxi-driver.html
    Se puder, passe lá para ler e comentar o que achou! ;)
    Valeu.

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