quinta-feira, 22 de março de 2012

Jovens Adultos [2011]


(de Jason Reitman. Young Adult, EUA, 2011) Com Charlize Theron, Patton Oswalt, Patrick Wilson, Elizabeth Reaser. Cotação: ****

Eu estava torcendo bastante para que tudo desse certo para esse filme, que marca a volta da parceria entre o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody, dupla que nos entregou o filme “Juno” em 2007 com enorme sucesso. Para bem, “Jovens Adultos” não chega a decepcionar, sendo uma obra com as tiradas e citações pops típicas de Diablo, uma mulher que adora acrescentar elementos de tudo que a cerca ou suas nostalgias. Nesse caso, seu fantoche é uma mulher da sua faixa etária, e exatamente por isso, tudo o que é relacionado ao que a personagem pensa ou age, está muito mais orgânico do que a experiência com Juno, que era uma colegial, logo, muito jovem para ter o mesmo bom gosto e convicção que a sua criadora. Aqui, Diablo vai buscar todos os nossos receios de futuro enquanto estamos no colegial em uma protagonista mesquinha, vazia e muito egoísta. E em nenhum momento, poderíamos odiar tanto uma personagem, ao mesmo tempo em que ficamos tão curiosos perante a sua imprevisibilidade.

A tal personagem é Mavis Gary (Charlize Theron). Logo de início, sabemos que ela se deu bem na vida. Mora em um ótimo apartamento em Minneapolis, uma carreira de escritora de uma série best-seller para o público juvenil (categoria denominada “young adult” por lá, vem daí o título), além de ser loira, alta, magra e linda. Aos 37 anos, recém divorciada e prestes a escrever o último livro de sua série, ela recebe um e-mail do primeiro namorado, Buddy Slade (Patrick Wilson), com a foto de sua filha recém-nascida. A imagem causa uma inquietude em Mavis, por ter certeza de que o destino sempre os quisera juntos. Por conta dessa convicção, Mavis, junto do seu pequeno cachorro, parte rumo à Mercury, cidadezinha da qual saiu e odeia, por achar um dos piores lugares pra se viver e só ter gente acomodada. Lá, ela reencontra Matt Freehauf (Patton Oswalt), o nerd dos seus tempos de colégio, que sofreu uma agressão que o deixou com dificuldades de andar, além de ter causado danos irreversíveis ao seu pênis. Mas a grande missão de Mavis é reconquistar o seu amor colegial, mesmo que agora ele seja um marido que ama sua esposa e um pai dedicado.

O mais interessante em “Jovens Adultos”, além de todos esses receios de tempo de colegial (onde estaremos? Conseguiremos sair do lugar que tanto nos incomoda? vamos nos dar bem?), é a forma como a própria Diablo Cody brinca com a questão da imagem. Mavis Gary, aos poucos, vai se tornando uma poser de primeira linha. Apesar de tudo aquilo que, para muitas pessoas é um sinal de privilégio, ela mesma faz questão de se mostrar ilusória. Mavis é, na verdade, uma ghost writer, escrevendo livros para outra pessoa levar os créditos. E os livros nem fazem mais sucesso. Sua própria beleza esconde o fato de ser compulsiva, que arranca fios de cabelo como mania, a obrigando a usar perucas, além de bojo e muitos tratamentos de pele. Isso, além da depressão que ela beira por não se achar no próprio mundo (vai se utilizando dos próprios escritos para fazer alguma relação que faça sentido pra ela), e ter sido, é claro, uma das alunas mais odiadas nos tempos de colégio. Aquele tipo que desprezava os nerds, e vivia escondida com os esportistas atrás da escola.

“Jovens Adultos” brinca com esse “retorno à cidade de onde saiu e nem pensa em voltar” da maneira mais bem humorada possível. Isso sem ser, propriamente, uma comédia (tem gente que confunde bom humor com filme pra se dar risadas). Não chega a ser espalhafatoso, muito menos “moderninho”, como o primeiro grande trabalho de Diablo Cody e seus filmes seguintes eram. Sinal que sua experiência na TV, com a série “United States of Tara”, a fez se tornar um pouco mais segura para arriscar numa história mais adulta. Charlize Theron está simplesmente sensacional no filme, e não há dúvidas de que está em um nível da carreira em que se pode demonstrar todo o seu talento, sem precisar, contudo, esconder sua beleza inigualável. Em outras palavras, sem precisar ficar feia para provar ser boa atriz (como teve que fazer em “Monster – Desejo Assassino).

Uma pena que a distribuidora esteja protelando tanto o seu lançamento aqui no Brasil. Nesse caso, quem perde são os próprios causadores de tantos atrasos, já que o filme caiu no mundo da internet há um bom tempo, e em ótima qualidade.

5 comentários:

  1. Tambem torcia muito por esse filme,
    mas ficou no meio caminho.
    Acho que nos anos 90 eu também tinha um K7 com Teenage Fanclub.

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  2. Gostei bastante desse filme, ainda mais em toda parte imagética como você falou. Eu achava ótimo toda a arrumação de Mavis, no fim ela acabava contrastando com a própria roupa de uma forma interessante. Jovens Adultos é uma das maiores diversões que eu já vi esse ano, e Charlize Theron está maravilhosa, tanto em beleza quanto em atuação. Agora quero ver ela em Prometheus, e até em Branca de Neve e o Caçador.
    Abraços!

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  3. Estou doido pra ver e como você bem salientou no final: a distribuidora está enrolando demais para lancá-lo por aqui. Vou baixar ;D

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  4. Depois de tua resenha sobre o filme fiquei curiosa para assisti-lo,mesmo porque gosto muito do trabalho e da beleza de Charlize.Meu grande abraço.

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