terça-feira, 19 de junho de 2012

Onde os Fracos Não Têm Vez [2007]


(de Ethan e Joel Coen. No Country for Old Men, EUA, 2007) Com Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, Kelly Macdonald. Cotação:*****

Não tem como não assistir “Onde os Fracos Não Têm Vez” sem se dar conta de que os Irmãos Coen formam uma das duplas mais infalíveis do Cinema. Creditados no filme como diretores, produtores e até editores (por detrás do pseudônimo Roderick Jaynes), nem precisei de muito tempo para obter a resposta de uma pergunta bem pertinente: Por que, depois tantos roteiros bacanudos como “Gosto de Sangue” e, principalmente, “Fargo”, os Coen se entregaram a uma adaptação? Simples, a novela homônima de Cormac McCarthy tem muito a ver com o trabalho da dupla de diretores, inclusive nos toques do no sense e diálogos cheios de espirituosidade, que povoam o filme de uma forma bastante sólida. 

No deserto fronteiriço entre EUA e México, o corajoso Llewelyn Moss (Josh Brolin, de “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”), ao fazer sua caçada típica a coiotes, encontra um cenário sanguinolento. Uma chacina onde vários latinos estavam mortos, provavelmente por um acerto de contas que não acabara bem. Não demora muito e ele encontra uma maleta contendo dois milhões de dólares. Sem pensar duas vezes, ele pega o dinheiro para si, mas ele não contava que o montante tinha um dono, ou, pelo menos, alguém que se dizia dessa maneira. Trata-se do aterrorizante Anton Chigurh (Javier Bardem, de “Mar Adentro”), um assassino de grande perspicácia. Prevendo o iminente cerco de Llewelyn, o xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones, de “MIB”), prestes a se aposentar, teme pelas conseqüências desastrosas desse cenário.

É muito bonito de ver o grande simbolismo que é “Onde Os Fracos Não Têm Vez”. De um modo geral, trata-se do discurso de um xerife que não vê mais melhora num mundo cão em que vive (e que, de certo modo, não é muito distante da gente). O personagem, que é interpretado de forma brilhante por Tommy Lee Jones, aos poucos vai tendo a certeza que já não há, de fato, um lugar seguro para um “fraco” (traduzido de forma questionável do “old man” que consta no original). Com as atrocidades e requintes de crueldade dos quais se depara no seu dia-a-dia, ele sabe que fazer o seu papel é praticamente uma tarefa que não colocará fim em nada. 

Se Tommy Lee Jones faz um trabalho tão soberbo, o que dizer então de Javier Bardem? Dando vida a um dos vilões mais emblemáticos do cinema nos últimos dez anos, o ator espanhol consegue transparecer um perigo bárbaro sem se exaltar um minuto sequer, se utilizando somente de sua voz pesadamente grave, seu semblante fixado e um corte de cabelo que, digamos, colabora ainda mais com seu visual amedrontador. E ainda anda em companhia de um cilindro de oxigênio (daqueles utilizados no abate de gados), para arrebentar fechaduras e matar suas vítimas de uma forma rápida e quase limpa. Com um vilão desses, nem seria preciso uma trilha sonora para criar tensão. 

Aliás, “Onde os Fracos Não Têm Vez” é um ótimo exemplo para afirmar que Ethan e Joel Coen são mestres na arte de criar tensão. E isso sem perder a espirituosidade tão presente nos seus outros filmes (como já destaquei no primeiro parágrafo), podemos nos deliciar com diálogos sensacionais, como quando Llewelyn, ao sair de casa para fazer algo que colocará em risco a sua vida, diz para a esposa.

- Se eu não voltar, diga a minha mãe que a amo.
- Sua mãe está morta – a esposa responde.
- Então eu mesmo direi isso a ela. 

Digno dos Coen, mesmo sendo adaptado tão fielmente do livro de McCarthy. Só lembrando que “Onde os Fracos Não Têm Vez” ganhou o Oscar de Melhor Filme no Oscar de 2008, além de ter faturado outras estatuetas nas categorias de Edição, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante para Javier Bardem. Como perceberam, o filme fez por merecer.

2 comentários:

  1. Um dos meus filmes favoritos este.

    Tem muitas pessoas que o detestam por conta do final, triste.

    ResponderExcluir