sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nova York, Eu Te Amo [2009]


Nova York, Eu Te Amo (de Fatih Akin, Yvan Attal, Randall Balsmeyer, Allen Hughes, Shunji Iwai, Wen Jiang, Shekhar Kapur, Joshua Marston, Mira Nair, Natalie Portman, Brett Ratner. New York, I Love You, EUA, 2009) Com Bradley Cooper, Andy Garcia, Hayden Christensen, Natalie Portman, Emilie Ohana, Orlando Bloom, Christina Ricci, Maggie Q, Ethan Hawke, James Caan, Drea de Matteo, Julie Christie, John Hurt, Shia LaBeouf, Chris Cooper, Robin Wright. Cotação: **

O projeto ‘Cities of Love’, idealizado pelo produtor Emmanuel Benbihy, pretende pegar várias megalópoles, convidar vários diretores e em pouco tempo montar alguns curtas metragens e juntá-los, fazendo um longa metragem que funciona como uma declaração de amor àquela cidade. Foi assim que surgiu o agradável "Paris, Je T'Aime". Mas ao contrário do que acontece no primeiro filme, onde os curtas eram independentes entre si, "Nova York, Eu Te Amo" é mais homogêneo estilisticamente, fazendo com que a obra não apresente as facetas de diretores tão diversificados.

Composto por 12 curtas metragens dirigidos por nomes de países de cinematografias mais sentimentais como Japão, China, Paquistão, Índia, Israel e outros, "Nova York, Eu Te Amo" apresenta uma verdadeira antologia urbana. Com histórias que vão desde a interessante conversa entre um indianista e uma judia; um rapaz inseguro que vai levar a filha de seu chefe para um baile de formatura; uma cantora lírica francesa que retorna à cidade; ou um bailarino que passa um agradável dia com sua filha. Estas e outras narrativas não pretendem se cruzar, e o único ponto em comum é a nítida supervalorização de Nova York.

Todas as pequenas histórias querem mostrar que as demonstrações amorosas podem acontecer em qualquer lugar de uma cidade tão multifacetada. Nos cafés, no táxi, no Central Park, no metrô e até mesmo nas vielas orientais. Mas de certo modo, há um indício de que o lugar, mesmo que tenha tantas culturas (“um lugar onde tem pessoas que vieram de vários lugares”, como diz uma personagem) é mais fácil acontecer quando elas são brancas, longes de regiões periféricas (como Bronx, Harlem) e heterossexuais.

Como em toda antologia, existem aqueles contos que agradam mais e outros menos. Para mim, a parte dedicada ao músico que é forçado a tentar ler "Os Irmãos Karamazov" e "Crime e Castigo" de Dostoiévski, e o casal que tenta lidar com o dia seguinte após uma noite prazerosa, são os mais agradáveis. Curiosamente são os menos comprometidos com uma palheta mais artística, enquanto os que possuem essa intenção, como o curta escrito por Anthony Minghella (a quem o filme é dedicado), e a estréia de Natalie Portman na direção, são os mais enfadonhos. Não que obrigatoriamente todos tenham que ser bons, mas obviamente, têm que cumprir suas funções e mostrar a que veio. E nem todos possuem fôlego para isso.

O projeto das declarações às cidades certamente não vai servir para uma harmonização mundial através do amor. Longe disso. É nítido que o tratamento é mais ligado à arte com seu direcionamento mais publicitário. Porém, podemos apreciar cenas tocantes, que podem nos surpreender e até mesmo nos fazer acreditar na ilusão de um ambiente tão mágico quanto Nova York é. Mas, conhecendo os filmes de Woody Allen, um adorador nova-iorquino convicto, essa idealização já é suficiente.

Em breve, o projeto passará por Xangai, Jerusalém, Mumbai e Rio de Janeiro. Só espero os cariocas tenham coisa melhor.

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