sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita [2010]


(de Ethan e Joel Coen. True Grit, EUA, 2010) Com Jeff Bridges, Hailee Steinfeld, Matt Damon, Josh Brolin, Barry Pepper. Cotação: ****

Eu sou fã confesso dos Irmãos Coen. De todos os seus filmes, poucos me incomodaram ("Matadores de Velhinhas" foi um desses). E antes de assistir "Bravura Indômita", eu tinha uma aversão adiantada por essa refilmagem do clássico homônimo de 1969, com John Wayne imortalizando a figura de Rooster Cogburn. Mas o filme – não esperava - foi me conquistando pelo clima sombrio e (pelo menos pra mim) perturbador dos Coen. Diferentemente do filme original, a versão 2010 prevalece um clima mais escuro, frio e inóspito em meio a pouquíssimos alívios cômicos, que talvez nem funcione para todos. Outra grande surpresa foi saber que até agora foi um dos maiores sucessos de bilheteria dos diretores, ultrapassando até mesmo a marca de "Onde Os Fracos Não Têm Vez", vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2008.

A jovem Mattie (Hailee Steinfeld), mesmo com apenas quatorze anos, quer ir ao encontro de Tom Chaney (Josh Brolin), homem que assassinou o seu pai. Para isso, ela contrata por cem dólares o caçador de recompensas General Rooster Cogburn (Jeff Bridges), um caolho beberrão que apesar de demonstrar desprezo pela idéia da garota, vê na captura de Chaney a chance de ganhar uma recompensa no Texas. Por isso, ele pega a estrada junto com um legítimo Texas Ranger, o corajoso LaBeouf (Matt Damon). Mas Mattie insiste em ir junto com eles, porque afinal, ela quer ter certeza de que o acordo vai ser cumprido.

Todas as características de faroeste estão aqui. Óbvio, pois se trata de um exemplar do gênero, mesmo que os diretores sejam os excêntricos irmãos Coen. Toda a expedição se inicia em meio a reviravoltas e situações que já poderíamos antecipar. Mas "Bravura Indômita" melhora exponencialmente a partir do seu terceiro ato. Mesmo que saibamos que a garota irá sobreviver (afinal o filme começa com uma narração em off dela já crescida), muita coisa pode acontecer a ela, LaBeouf e, principalmente, Rooster, que vai criando um laço interessantíssimo com Mattie.

John Wayne é lembrado principalmente por ter ganhado seu único Oscar na primeira versão de "Bravura Indômita", mas o que faz Jeff Bridges? É com certeza o indicado a Melhor Ator mais contestável este ano. A voz imposta não funciona, soa arrastado, barulhento e irritante. A jovem atriz Hailee Steinfeld é outra aplaudida por aí, cravando inclusive sua indicação à Atriz Coadjuvante (tomando a vaga que certamente seria de Mila Kunis), mas pouco impressiona, fazendo o tipo garota petulante que não chega a ser um triunfo. Curiosamente, ambos não foram lembrados pelo Globo de Ouro, entrando na listagem final da Academia. Enquanto isso, presenças bem mais eficazes como a de Josh Brolin e Matt Damon não foram sequer cogitados.

Não se trata de um filme ruim, mas se mantém em cima do bom romance escrito por Charles Portis (inclusive é bem mais fiel ao livro do que o filme de 69). A trilha sonora é bem dosada, apesar de ser um lugar comum, e o trabalho artístico é de um primor incalculável. Gosto do tom sombrio, e isso ajudou muito para a preparação dos bons momentos finais, que praticamente me fizeram esquecer a vagarosidade inicial. O western é um gênero de alto risco, por não figurar entre os filmes “pop”, mas os Coen conseguem transparecer suas marcas registradas através do clima e das cores.

Um bom exemplar de um faroeste mais artístico e ousado.

3 comentários:

  1. Então Júnior, estou num impasse com este longa. Não sou grande fã dos Coen e nem do gênero em questão. Ainda mais tendo Matt Damon no elenco, ator que nunca "gostei" muito. Mas, acho a sinopse em si, tão bacana que irei conferir apenas por este adendo, hehehe

    Mas ainda sim, vou esperar o lançamento em DVD!
    Abs :)

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  2. Concordo que Jeff Bridges não faz nada de mais, mas a Hailee é a melhor coisa do filme.

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  3. Desde que vi o trailer no cinema fiquei com vontade de assistir, mas to procrastinando.
    Depois de Onde os fracos não tem vez, virei fã dos Coen.

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