segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Vencedor [2010]


(de David O. Russell. The Fighter, EUA, 2010) Com Mark Wahlberg, Christian Bale, Amy Adams, Melissa Leo, Mickey O'Keefe, Jack McGee. Cotação: ****

Tamanha foi minha surpresa ao me deparar com "O Vencedor". Nunca fui muito adepto aos filmes ligados a esportes, menos ainda quando se trata de boxe (o primeiro "Rocky" foi uma exceção). Mas esse filme está bem superior a isso. É um retrato de uma família que apresenta desdobramentos bem orgânicos e uma história real de fato emocionante. Não chega a ser algo primoroso, novo no Cinema e nem chega ao nível cinematográfico que tem pelo menos três de seus nove concorrentes ao Oscar de melhor filme neste ano, mas o fato é que por se tratar da história real de dois irmãos que se viram em desafios bem cinematográficos e ter uma direção honrável de David O. Russell, "O Vencedor" acaba se tornando uma grata surpresa.

Baseado na história real de Micky Ward (Mark Wahlberg), lutador que por muito tempo serviu de “trampolim”. Ou seja, ele apanhava de outros boxeadores para promovê-los, causando nele um sentimento de extrema incapacidade. Mark sempre teve o apoio de seu irmão Dicky (Christian Bale), ex-boxeador de renome que vive se vangloriando por ter nocauteado Sugar Ray Leonard, mas agora vive sob o vício do crack (droga muito comum na região de Massachusetts, onde vivem). Sempre sob tutela de sua mãe Alice (Melissa Leo), Mark sabe que sua família talvez não seja sua melhor opção de cuidados, caso ele queira se tornar um campeão. Junto com sua namorada Charlene (Amy Adams), ele tem que enfrentar não só seus adversários no ringue, mas conseguir manter bons afetos com seu problemático irmão, sua mãe e suas sete (!) irmãs.

É interessante perceber o tom documental feito propositalmente pelo diretor David O. Russell ("Huckabees – A Vida é Uma Comédia", "Três Reis"). Essa medida faz com que tenhamos uma aproximação maior com os personagens, que como disse, servem como foco principal do filme, sendo as lutas meras passagens que não podem ser desconsideradas, e até mesmo nesses embates, o tratamento torna-se mais televisivo, dando veracidade às cenas certamente simuladas através exibições reais. Isso é elogiável para o filme, que ainda assim não se vê totalmente isento de clichês tão comuns não só em filmes que retratam o boxe, como também em cinebiografias (como a tomada de controle em pleno ringue, levando o protagonista à vitória depois de muito apanhar).

Mark Wahlberg, além de atuar, produziu o filme. E claro que não dá pra fugir da questão “autopromoção”. Wahlberg não deve ter se dado conta de que ele não é mais um garotinho incerto, que tem que dar vida a um boxeador em inicio de carreira, sendo orientado pelo irmão mais velho e experiente. É visível que Whalberg é até mais velho que Christian Bale (cerca de três anos) e jamais poderia convencer. Mas até que ele não faz feio. Serve pelo menos como um bom “escada” para o show que os atores coadjuvantes dão.

A magreza assustadora de Christian Bale assusta de início, mas sua entrega é tamanha que logo nos esquecemos de sua forma física. Ele simplesmente encarna de forma visceral um homem que se aproveitou do momento de sorte em uma de suas batalhas, para se considerar uma lenda adormecida, que mesmo com quarenta anos, ainda pode despertar. Melissa Leo aproveita muito bem a chance que tema afinal, uma atriz da sua idade não possui chances como essa. Pena que após seu sucesso em "Rio Congelado", certa prepotência dominou sua cabeça, mas nada que a desconsidere (a cena de “I Started a Joke” é incrível). Sua colega de elenco, Amy Adams, é a prova de que as atrizes que antes faziam papéis de mulheres passivas estão arriscando demonstrar mais agressividade em seus trabalhos. É uma tendência, está aí Natalie Portman pra confirmar.

"O Vencedor", apesar de ser um bom filme, não tem o acabamento necessário para considerá-lo algo grandioso. Mas envolve de uma maneira incrível, e, graças ao seu elenco, a fita acaba tendo uma grande aceitação por parte do seu público e conseguirá abocanhar importantes prêmios para seus atores. Aposta certa.

Um comentário:

  1. Não estava tão 'afim' de conferir o filme, pelo tema que pra mim já se tornou cansativo. E, bem, nem curto o esporete retratado no filme. Mas depois de ler aqui que foi uma surpresa pra ti, e que o fimlme parte para um drama familiar... Bem, a coisa muda de lado! hehe

    Espero vê-lo ainda esta semana D:

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