domingo, 27 de março de 2011

A Mentira [2010]


(de Will Gluck. Easy A, EUA, 2010) Com Emma Stone, Penn Badgley, Amanda Bynes, Dan Byrd, Thomas Haden Church, Patricia Clarkson, Lisa Kudrow, Alyson Michalka, Stanley Tucci. Cotação: ****

"A Mentira" pode até contar com um visual batido demais e ser visto com um teen movie qualquer e de pouca relevância cinematográfica. Mas o filme nem tem pretensão para tal e não deve ser recriminado por ter uma linguagem adolescente ou por não conter algo relativamente novo. O que deve ser reconhecida é a forma como o filme se apresenta, expor a protagonista de forma cativante e que tenha pelo menos um mote que explore alguma questão dentro do universo juvenil de maneira convincente. E pra não dizer inúmeras vezes que se trata de uma surpresa, digo que "A Mentira" é talvez uma das melhores comédias pra ser vista num sábado à tarde em casa, largadão no sofá. A diversão é já garantida.

Olive (Emma Stone) é uma típica estudante colegial. Quando ela tenta encontrar uma maneira de não aceitar o convite de sua amiga Rhiannon (Alyson Michalka) para passar um fim de semana na casa de seus pais, ela inventa que terá um encontro com um cara mais velho. Na outra semana, enquanto sua amiga insiste em que ela conte o que houve no tal encontro, ela inventa que fez sexo com ele. A mentira que deveria ser inocente acaba sendo ouvida por Marianne (Amanda Bynes), a fanática religiosa que comanda um grupo de evangélicos tentando manter a lei dos bons costumes divinos na escola. A mentira acaba se espalhando, fazendo com que Olive se torne a garota mais popular do colégio - coisa que ela nunca esperou ser - e gosta da situação. Garotos virgens e perseguidos acabam dando alguns presentes para que ela confirme que transou com eles, e com isso, ela se torna mal falada e se compara com Hester Prynne, a sofrida heroína de "A Letra Escarlate", de Nathaniel Hawthorne.

Olive já se difere das típicas garotas retratadas pelos filmes colegiais por ser inteligente e perspicaz. Por ser apaixonada por "A Letra Escarlate", ela toma a decisão de carregar no peito o famoso “A” em vermelho que a protagonista do livro é obrigada a usar em pleno século XVII, ao ser impiedosamente acusada de adultério. Ela inclusive recomenda que todos leiam o livro ou veja o filme (“o original, não aquele com Demi Moore fazendo um sotaque britânico sofrível”). As personagens do filme e do livro, levando em conta as diferenças temáticas, carregam uma semelhança interessante, cada uma no seu meio histórico. E não é querendo alçar "A Mentira" como algo de importância histórica. O que interessa aqui é perceber as citações bibliográficas (dividindo espaço com a Bíblia e "Crepúsculo") e em como elas assumem uma linguagem pop.

O filme possui suas deficiências. Boa parte delas quando a família de Olive é mostrada. Os pais são os simpáticos Stanley Tucci e Patricia Clarkson, que aqui estão forçados demais. Melhor ignorá-los, assim como Lisa Kudrow, que ainda se mantém como uma coadjuvante de causar dó, insistindo em desencarnar da Phoebe de "Friends". Mas os coadjuvantes são inevitáveis, e no final, de pouco importa se alguns atores estão ou não em sua melhor forma. Afinal, eu já devo ter dito que o filme é pra ser visto despretensiosamente, e assim sendo, podem ser enxergados alguns traços de boa vontade e sacadas muito bem alinhadas no roteiro, que ainda contém boas cenas nostálgicas homenageando os filmes de John Hughes, diretor de verdadeiros ícones oitentistas como "Curtindo A Vida Adoidado", "Gatinhas e Gatões" e "Clube dos Cinco".

"A Mentira" é assumidamente um exemplar de filmes descartáveis, mas que consegue a proeza de ser inteligente ao ponto de se tornar algo bom de ser assistido. 

3 comentários:

  1. Estou pra comentar este filme também. Sabe que adorei o longa? Como você mesmo disse, é apenas um entretenimento, mas este filme consegue ser um tanto inteligente e contém um ótimo "timing cômico". Achei que a Amanda Bynes, estava muito bem como a fanática. As melhores cenas! ha!

    []s

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  2. Adorei o filme. Cumpre bem o objetivo que é ser um filme leve e engraçado e ainda pode surpreender muita gente, ainda mais se formos assistir sem pretensão alguma, como vc disse.

    No meu caso foi assim =D

    teh mais

    p.s.: Não sei se vc gosta de ler mas, se interessar, tem um sorteio de livro lá no meu blog. Fica o convite para particpar, se quiser.

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  3. olha só, como sessao da tarde é o que mais vimos nos cinemas, a mentira é até interessante, mas como vc disse "descartavel mas inteligente"

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