sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Centopéia Humana [2009]


(de Tom Six. The Human Centipede - First Sequence, Holanda, 2009) Com Dieter Laser, Ashley C. Williams, Ashlynn Yennie, Akihiro Kitamura. Cotação: *

Custo a acreditar que um filme como esse tenha causado tanta controvérsia (mesmo que passageira) por aí. Vendido como um terror incrivelmente gore e com boatos de expectadores enojados que não conseguiram continuar assistindo ao longa, pipocaram e renderam ao título certo burburinho. Mas o que era pra ser uma bizarrice acaba se tornando um “terror” absolutamente previsível. E se isso não bastasse, é previsível com o agravante de tentar enrolar com seus vários minutos de cenas improdutivas, um elenco tão ruim que chega a dar pena e uma produção amadora. E não me convence a desculpa de que é “um projeto com a intenção de ser ou parecer pequeno”.

Lindsay (Ashley C. Williams) e Jenny (Ashlynn Yennie) são duas garotas norte-americanas em passeio pela Europa. Na Alemanha, ao tentar ir a um clube noturno, o carro delas quebra em meio à penumbra de uma estrada inóspita. Com medo e sem ter a quem pedir auxílio, elas vão ao único lugar avistado: uma casa no meio da floresta. A residência é do Dr. Heiter (Dieter Laser), renomado cirurgião que dopa as duas moças. Ao acordarem, elas presenciam o discurso do cientista, que apresenta seu projeto inovador e outrora usado como experiência nos seus três rottweilers já mortos. O médico pretende unir agora três humanos através do tubo gástrico, ligando a boca de um no ânus do outro, para assim formar uma espécie de trigêmeos siameses, ou a “centopéia humana” do título.

Com uma idéia dessas, o diretor e também roteirista Tom Six quis provocar a repulsa dos que assistirem - sob os avisos dos riscos – a um filme assustador. Incompetente ao extremo, Six passa longe de produzir algo no mínimo apreensível. O enxame de clichês é absurdo. O momento em que as garotas (prováveis protagonistas) empacam com o carro quebrado, se vê a partir daí uma seqüência de dar vergonha. As atrizes são ruins de dar pena e as situações saturadas como o celular fora de área, a chuva, a escuridão, o desespero, os faróis de um carro desacelerado e os gritinhos irritantes, só não são mais preocupantes por conta da ausência de uma trilha sonora convincente. Aliás, os choramingos das atrizes farão o papel da trilha sonora indigesta ao longo de todo o filme.

Não consigo entender por que raios escolheram um personagem japonês para fazer a terceira vítima do cientista. Não sei se é pela extrema bravura oriental (que será desenvolvido porcamente no terceiro ato), mas se não for isso, fico ainda sem saber a razão. A tentativa de comunicação não é de grande valia, mas ainda é gasto um tempo dispensável entre uma conversa dele e o Dr. Heiter, que na verdade é alemão e pressupõe-se que não saiba nada de japonês.

E por falar no doutor, o ator Dieter Laser, que dá vida ao “profissional”, é provavelmente o melhor trabalhado dentre o elenco. O que NÃO É um elogio, tendo em vista a absoluta falta de talento do casting. Seu rosto (que de algum modo me lembrava o Fábio Jr. em todas as vezes em que ele aparecia) é expressivo e assustador, mas ainda passa longe de um Jingsaw da vida. Porém, o começo promissor de um personagem que beirava o absurdo (o que garante pelo menos a simpatia do público) dá lugar a uma série de exageros faciais que servem de caretas mal intencionadas.

"A Centopéia Humana" é um fracasso no que se propõe a fazer. Não funciona como terror (apesar de saber que em algum mundo paralelo alguém se assuste com isso), como suspense ou até mesmo uma fita sádica. Não funciona em basicamente nada, e a minha esperança ao ver o filme era de que tudo explodisse e ponto: créditos finais. Mas se isso fosse de fato acontecer, que pelo menos não enrolassem 1h30m pra resolver aquilo. E o pior, tudo isso é apenas uma “primeira seqüência”. Uma grande primeira bomba.

5 comentários:

  1. Olha Adécio, meus parabéns por ter encarado "isso". Eu prefiro passar longe, já ando nervoso demais para ver essas "coisas" hehehehe

    Abs.

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  2. Adécio, teve coragem de assistir tal coisa? rs
    Abração

    O Falcão Maltês

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  3. Gente, não acredito que você perdeu tempo escrevendo sobre esse filme lixo! hahaha

    Não gera medo nenhum, mas dá nojo. Lembro que fiquei dias pensando na mulher comendo merda.

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  4. Na prática, o filme é podre, literalmente e figurativamente. Mas a ideia em si me deixou tão enojado, é uma pena que não tenha sido bem feito ou aproveitado, ou renderia um filmaço doentio.
    Abraços, e gostei do teu texto, finalmente um que fala sobre o filme de uma maneira mais abrangente.

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  5. Assisti esse filme na época que saiu por causa do burburinho que rolou em volta dele. O filme é bizarro demais, só em pensar que vai ter continuação já me causa repulsa.

    Abs. Gostei do blog.

    http://www.cinemosaico.com

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