sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Antes do Amanhecer [1995]


(de Richard Linklater. Before Sunrise, EUA, 1995) Com Ethan Hawke, Julie Delpy. Cotação: ***

Esse filme é a prova de que meu top 100 está ficando ultrapassado, merecendo algumas recolocações ou até mesmo extinguir alguns filmes dali. Nada mais natural, até porque alguns filmes podem ser para nós excelentes muito por conta do momento em que estamos passando quando os assistimos. O fato é que hoje, revendo “Antes do Amanhecer”, o filme já não é essa sutileza toda quando o vi pela primeira vez. O conceito caiu, e não foi pouco. Hoje, talvez eu até arraste uma asa maior por “Antes do Pôr-do-sol”, a seqüência produzida em 2004. O roteiro de Richard Linklater (também diretor) juntamente com Kim Krizan soou mediano demais, embora seja um filme com um bom andamento de situações e seja (isso sim, não tem como não continuar sendo) extremamente simpático.

Em uma viagem de trem pela Europa, um casal de jovens, aliados ao acaso, senta-se próximo durante o trajeto. Inicia-se uma conversa que indica a proximidade de ambos. Ele é Jesse (Hawke), americano vindo da Espanha com destino à Itália para pegar um avião de volta pra casa. Ela é uma estudante da Universidade de Sorbonne, voltando pra Paris por conta do inicio das aulas. Movidos pela ligeira atração que sentiram um pelo outro, eles descem em Viena para passar mais algumas horas conversando e conhecendo o local, até a manhã do dia seguinte, quando o vôo de Jesse partirá. Nesse meio tempo, muita conversa; passeios variados e os bons momentos conseqüentes da descoberta de que estão ficando realmente envolvidos.

Como já dá pra prever, o filme se sustenta basicamente em diálogos. O que é, evidentemente, o grande charme do longa. São através de longas seqüências de conversa que eles apresentam suas idéias em relação a tudo em que passa pela cabeça deles, como medos, concepções de amor, como lidar com as relações e as expectativas de vida. Por se tratarem de jovens nos seus vinte e poucos anos, é até justificável o falatório todo e tantos monólogos sobre suas visões e mundo. Nesse ponto, a jovem Celine é a que mais surpreende, embora, lá no fundo, possa parecer tão insegura quanto qualquer outra garota.

Em tempos de internet, é difícil engolir uma situação onde eles terão um tempo determinado para estarem juntos e, possivelmente, não se encontrarão tão cedo. Mas a dinâmica é outra, eles querem algo diferente, e é talvez nisso que o roteiro force um nó a mais na naturalidade da situação. É ousado por ser um filme onde um casal passa algumas horas discutindo experiências de vida e presenciamos uma amostra genuína do nascimento do amor, mas algumas escolhas feitas ali foram inseridas simplesmente porque os roteiristas queriam facilitar a boa imagem do filme em relação aos corações mais dramáticos. Não é de todo mal, porém não passa de uma artimanha que funciona somente numa história que quer ser reconhecida com um romance mais realista, e isso, é uma coisa que “Antes do Pôr-do-Sol” talvez não seja.

Em tempo, são bons momentos aproveitáveis. Tudo isso até o já indesejável momento do adeus, ou no caso deles, o “later” e o “au revoir”.

5 comentários:

  1. Gosto do filme. As sequências de conversa entre o casal, apesar de longas, não são cansativas.

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  2. Um bom romance, com uma sutileza que eu admiro. Mas não achei que foi tudo o que me promoveram.

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  3. Adoro tanto esse filme. Assisti-o logo que lançou em uma época muito estranha da minha vida. Levei muito tempo para conseguir comprá-los, mas nas úlitmas férias, eu obtive essa graça. Sem dúvida, Linklater conseguiu expressar na tela toda a simplicidade e complexidade do amor.
    Abs.

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  4. Sabe que desde a primeira vez que eu o vi, não achei tão bombastico como parecia ser. Gostei, mas só isso. Não mudou a minha vida e o filme nem sequer entraria em um Top 1000 feito por mim.

    É bacana, apenas isso. Claro, é a minha opinião no momento...

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  5. Bom, eu só vi uma vez até agora, e acho um filme lindo. É, como você diz, acompanhar o nascimento do amor entre eles conforme eles se conhecem (e nós a eles). Gosto mais da continuação, mas esse primeiro é imprescindível para entender o amadurecimento por que ambos protagonistas passam naqueles anos em que ficam sem se ver. Estão entre os meus filmes de romance favoritos.

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