terça-feira, 8 de novembro de 2011

Cães de Aluguel [1992]


(de Quentin Tarantino. Reservoir Dogs, EUA, 1992) Com Harvey Keitel, Tim Roth, Michael Madsen, Chris Penn, Steve Buscemi, Quentin Tarantino, Lawrence Tierney. Cotação: *****

Quentin Tarantino é um cineasta que surgiu no momento certo. No início dos 90, o cinema americano passava por uma grande crise criativa, o que acabou dando espaço para o surgimento de jovens que tinham o desejo de se mostrarem. Curiosamente, o ano de 1992 não foi o ano do pontapé somente para Tarantino (no mesmo ano, seu grande amigo Robert Rodriguez debutava com “El Mariachi”), mas no caso do primeiro, ele conseguiu o título de grande prestígio. Ainda era um atendente de videolocadora quando foi descoberto, através de um roteiro que basearia um filme pequeno, com um orçamento irrisório, filmado em apenas um mês, e que mais tarde, seria considerado um dos melhores filmes de assalto da história. Detalhe: um assalto que nem chega a ser mostrado de fato.

Um grupo de gângsteres planeja um grande assalto a uma joalheria. Com um plano quase perfeito, o chefão Joe (Lawrence Tierney) reúne um grupo de homens que são chamados por seus coloridos codinomes, como por exemplo, Mr. White (Harvey Keitel), Mr. Orange (Tim Roth), Mr. Blonde (Michael Madsen) e Mr. Pink (Steve Buscemi). Mas uma possível traição faz com que o plano dê errado, com comparsas baleados ou mortos. Num armazém, eles se reúnem após o fracassado assalto para tentar descobrir o que deu errado, e quem seria o tal traidor do grupo. Tudo através de flashbacks.

Só mesmo em “Cães de Aluguel” é possível vermos um grupo de engravatados discutindo sobre a metáfora de “Like A Virgin” – primeiro grande sucesso de Madonna -, a real validade de dar gorjeta a uma garçonete ou sobre quaisquer outros devaneios cotidianos. Tarantino já impõe uma de suas principais características logo na sequencia inicial de seu primeiro filme. Cena que, por sinal, tem ele como voz principal. Dali em diante, ele dá uma verdadeira aula de originalidade, principalmente no que diz respeito à construção de roteiro (seu talento como diretor viria a ser mais bem creditado com “Pulp Fiction”, filme de dois anos mais tarde). O sucesso foi reconhecido através de festivais em Toronto, Sundance e Estocolmo.

Os personagens são bem delineados, sempre sendo compostos através de suas principais características, como o sarcasmo de Blonde, o desespero de Pink e os gestos amigáveis de White. Nesse ponto, isso ajuda ainda mais para a abordagem do que teria acontecido no assalto. Somente com narrações, Tarantino é capaz de recriar a ação que nem chegamos a ver como simulação. Isso é puramente técnica.

No elenco, além dos veteranos Harvey Keitel e Lawrence Tierney (ótimos), Tim Roth desponta um dos trabalhos mais convincentes de sua carreira, regado com muito grito e sangue. É também uma oportunidade de ver o papel mais proeminente de Chris Penn, irmão de Sean Penn, que faleceu em 2006 aos 41 anos, em decorrência de problemas cardíacos. O filme (que também tem uma trilha sonora brilhante, assim como em todos os filmes de Tarantino que viriam a seguir) também virou uma peça teatral de grande sucesso nos EUA.


5 comentários:

  1. Esse filme tem diálogos muito bons. Um dos meus favoritos de Tarantino.

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  2. Por mais que eu adore "Cães de Aluguel", não sei dizer se gosto mais deste ou de "Pulp", mas acho que acabo ficando com "Pulp" mesmo, me conquistou primeiro. O que é aquela cena inicial? Lendária!

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  3. Ótimo filme mesmo. Por mais que seja excelente, ainda considero outros filmes como Pulp Fiction e Kill Bill melhores que Cães de Aluguel. Mas é Tarantino puro na curta sessão apresentada, e o filme me prendeu até o fim com toda a confusão entre os criminosos.
    Abraços!

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  4. P.S.: Teu blog já fez um ano, né? Meus parabéns!

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