sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Confiar [2010]


(de David Schwimmer. Trust, EUA, 2010) Com Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Jason Clarke, Viola Davis, Chris Henry Coffey, Noah Emmerich. Cotação: **

Pouca gente sabe, mas o ator David Schwimmer, mais conhecido como o intérprete de Ross no seriado “Friends”, um fenômeno dos anos 90, também é diretor de cinema, tendo trabalhado, inclusive, em mais de um filme. Impressiona também a falta do que falar nesse filme, embora tenha, em boa parte de seu tempo, um desvio que poderia muito bem funcionar em outros aspectos. Mas “Confiar” passa uma imagem forte de Super Cine, aquela sessão de filmes da Rede Globo que se passa nos fins de sábado, com aqueles dramalhões datados e com cara de filmes feitos pra TV.

Annie (Liana Liberato) é uma colegial típica, com seus problemas de aceitação. Apesar de ser bonita e  envolvida nos esportes, ela sente-se excluída na escola (certamente por ser tão infantilizada pela família, acaba se tornando uma sonsa). Após ganhar um notebook do seu pai no dia de seu aniversário, o seu refúgio acaba se tornando os bate-papos virtuais. Até que ela conhece um homem misterioso, que acaba a convidando pra sair. Revelando ser um homem mais velho, o destinatário da garota acaba a levando para um motel e tirando-lhe a virgindade. Os pais de Annie, Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener), não conseguem acreditar no escândalo que aconteceu a querida (e ingênua) filha, envolvendo até o FBI na história.

Por mais completo que seja esta sinopse acima, eu não cheguei a revelar nada de muito comprometedor na história, afinal, a trama é exercida em outros pontos. Após o encontro entre Annie e seu “amigo” virtual, o protagonista de “Confiar” passa a ser o pai da garota, que fica atônito com o acontecido e passa a prestar atenção ao fato de que ele vive num mundo onde a exploração da imagem do juvenil como sedutor, hoje em dia, é algo não só comum, como já virou um status. E é justamente nesse ponto em que “Confiar” se eleva um pouco no meu conceito, mesmo que o filme insista em voltar para a atuação penosa (embora não seja a coisa mais grave) de Liana Liberato.

O que mais me incomodou também foram as constantes pegadinhas sem fundamento, e o pior, pontas soltas. Soltar pistas falsas não chega a ser algo de todo o ruim em um filme, desde que caibam na proposta de uma obra. “Confiar” pareceu ser, acima de tudo, um drama familiar, mas a insistência do roteirista Robert Festinger (do ótimo "Entre Quatro Paredes") e de seu colega Andy Bellin em tramar um caso policial acabou não causando um efeito mais determinado. Querer abarcar drama com suspense criminal é um compromisso que deve ser muito bem dosado.

Para se ter uma idéia, em todo o filme, eu esperei por algum elo entre um parente da protagonista (que sai de casa para ir pra faculdade) e um amigo do pai dela. São dois personagens que, além de não mostrar a que vieram, soaram como encheção de lingüiça. Além de outras situações para causar ansiedade no espectador, que, por se tratar TAMBÉM de um mistério envolvendo o crime, não posso revelar. Mas já adianto que algumas coisas acontecem no encontro entre criminoso e vítima que estão ali apenas para premeditar o nada!

Mas nem tudo é derradeiro. Viola Davis, mesmo mal aproveitada no papel de psicóloga, consegue mostrar que é uma atriz que tem uma presença marcante, enquanto Clive Owen, que deveria ser de vez o protagonista do filme, confirma sua competência num papel que está na medida do seu desempenho. “Confiar” está longe de ser um filme de grande valia, mas a causa disso não é por se tratar de um tema que já é tão discutido: proteger os filhos dos males da internet.

4 comentários:

  1. Pra mim foi uma grata surpresa. Concordo quem algumas pontas soltas e falhas, mas achei um bom filme.

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  2. Não achei o filme de todo ruim, na verdade, ele não tem um grande defeito, mas é como você falou: parece mesmo um filme feito pra tv, pras donas-de-casa ficarem chocadas com a Internet.

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  3. Está na minha lista de quero ver, mas não estou muito animado não. Quando vi o trailer tive a mesma sensação que você falou no começo do seu texto: um filme Super Cine.

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