quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Jackie Brown [1997]


(de Quentin Tarantino. Idem, EUA, 1997) Com Pam Grier, Samuel L. Jackson, Robert Forster, Bridget Fonda, Michael Keaton, Robert De Niro, Michael Bowen, Chris Tucker. Cotação: ***

No decorrer deste que é o filme mais renegado de Quentin Tarantino, eu não entendia o porquê de tantas restrições quanto a ele, além de amargar o título de mais fraco de toda a (curta) filmografia do diretor. A história é boa, me deixou totalmente envolvido na trama, embalado na incorrigível trilha sonora e amando os caras da história. Ao ver uma cena mostrada sob várias óticas de três personagens, minha descrença em tantas críticas negativas ao filme aumentou ainda mais. Por que “Jackie Brown” é tão mal visto? 

Foi no terceiro ato que me dei conta de que Tarantino deixara bastante a desejar.

Jackie Brown (Pam Grier) é uma aeromoça que, após ser presa por porte de drogas ao trabalhar para o traficante de armas Ordell Robbie (Samuel L. Jackson), é obrigada a trabalhar como informante da polícia, que está a fim de pegar o tão falado criminoso que a fez ficar detida. Liberta por Ordell através do pacato Max Cherry (Robert Foster), Jackie também tenta se acertar com Ordell contando com planos para que possa transitar suas finanças clandestinas, mesmo que os federais estejam em sua cola. Mal sabe ele que Jackie possui astúcia suficiente para dar golpes em ambos os lados em que ela possa estar.

O principal adendo que não dá para deixar passar nesse filme é que Tarantino está inteiro somente na direção do filme. O roteiro, apesar de ser dele, foi baseado na novela de Elmore Leonard, intitulada "Rum Punch". E para endossar ainda mais essa questão, é indispensável dizer que Tarantino e Leonard possuem visões de narrativas bem diferentes, o que deixa o filme com uma distância bem grande das inconfundíveis “batutas tarantinescas” (é feio dizer isso, mas faltou um termo melhor para ilustrar o que vemos com tanta primazia em filmes como “Pulp Fiction” e “Kill Bill I”, por exemplo). Quase não há homenagens diretas sobre produções que Tarantino venera, nem grandes diálogos cotidianos, apesar de algumas tentativas válidas, que ele sabota para manter a verborragia de Leonard.

Pam Grier, ex-diva do cinema blaxploitation, ganha a vez de protagonista num filme de peso. Ela já havia sido citada em uma obra anterior de Tarantino (“Cães de Aluguel”), com certo ar de homenagem. Aqui ela faz um ótimo trabalho, participando inclusive da trilha sonora, com a música "Long Time Woman", uma gravação de 1971. O ator Robert Foster, apesar da indicação ao Oscar de coadjuvante, está singelo demais no papel. Mas o grande figuraça é mesmo Samuel L. Jackson. Completamente à vontade na pele do temeroso Ordell Robbie, Jackson, com seus cabelos compridos e cavanhaque trançado (idéia do próprio), parece se divertir como nunca neste trabalho.

“Jackie Brown”, ao longo de seus 154 minutos, soa longo demais, a ponto de causar cansaço. O que é de se estranhar num filme de Tarantino, mas é ao menos assistível, além de ser divertido em mais da metade da projeção. Válido também adquirir a trilha sonora, que talvez seja, senão a melhor, uma das mais caprichadas de Tarantino.

6 comentários:

  1. Eu particulamente não gosto desse filme, e nem do livro original.

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  2. Eu adoro o filme, assim como qualquer coisa que Tarantino faça.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  3. Eu ainda não vi esse filme justamente por ter ouvido tantas criticas negativas quanto a ele.

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  4. Acho que é o único do Tarantino que eu não vi, e acho que nem estou tão interessado pelo tanto que falam.

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  5. Eu estou com este filme em casa, mas ainda não vi. Acredita?

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