terça-feira, 22 de maio de 2012

Thelma & Louise [1991]


(de Ridley Scott. Idem, EUA, 1991) Com Susan Sarandon, Gene Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen, Christopher McDonald, Stephen Tobolowsky, Brad Pitt. Cotação: ****

De volta a minha já rotineira revisita aos filmes que me encantaram há alguns anos atrás, peguei “Thelma & Louise” pra rever em casa. Continua sendo um grande filme, é verdade, mas cheguei a reparar (até por mais de uma vez) algumas cenas que não se encaixavam com o filme em si. Reconhecido como um dos filmes mais feministas do cinema nos anos 90, o longa trouxe Geena Davis e Susan Sarandon (duas grandes atrizes que representaram a época em que o filme foi lançado) em atuações magníficas, representando mais que duas mulheres, mas verdadeiros símbolos de uma repressão que a figura feminina ainda custa a tentar sair.

Louise (Susan Sarandon) é uma garçonete cansada da rotina, e é pra fugir desta, que chama sua amiga Thelma (Geena Davis) para uma viagem de fim de semana. Thelma, ao contrário da amiga, é uma esposa dedicada, casada, cujo esposo não lhe dá o mínimo valor. Mesmo assim, elas partem a bordo de um Thunderbird 66, viajando pelas estradas do Arkansas. Até que uma tentativa de estupro que se agrava em um assassinato acaba fazendo com que elas mudem a rota da viagem. E o que era para ser uma aventura “inocente”, acaba se tornando uma fuga que elas abraçarão até as últimas consequências.

Dizer que o filme é feminista por excelência não chega a ser um exagero. Para começar, trata-se de um filme de Ridley Scott, que embora (obviamente) não seja uma mulher, comandou “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979) trazendo a agente Ripley (Sigourney Weaver) como um dos maiores ícones da cartela de personagens feministas. Como se não bastasse o nome de Scott, a roteirista de “Thelma & Louise”, a texana Callie Khouri (que nunca mais foi vista, diga-se de passagem) chegou a arranjar brigas com uma série de gente questionando o teor “anti-homem” do filme, o que ela negou veementemente, apesar de assumir que a força feminina é o motor da história.

Aliás, é esse “motor” que trouxe alguns obstáculos para o próprio filme se assegurar. Em alguns momentos da viagem, somos deslocados para uma espécie de “história-para-servir-de-alívio-cômico”, envolvendo um caminhoneiro e nossas protagonistas. Esses devaneios, além de totalmente dispensáveis, ainda não justifica algo que poderia ser melhor aproveitado, que é a própria figura feminina em detrimento da masculina, que não necessita de explosões e cara de “poderosa” empenhando uma arma.

Mas justiça seja feita. Quando se trata de figuras poderosas, não poderia existir melhores intérpretes. Recentemente, ao falar sobre “O Turista Acidental”, eu deixei até muito presente no texto a minha tristeza ao me deparar com o atual ostracismo de Geena Davis, uma atriz que tinha tudo pra decolar. E Susan Sarandon, com seus olhos tão expressivos que poderia muito bem reviver Bette Davis, torna a parceria com Geena muito bem dosada, que a levaram è dupla indicação ao Oscar de Melhor Atriz. 

E não tem como terminar esse texto sem falar do glorioso final. Muita gente ainda cita “Thelma & Louise” quando o assunto é final inesquecível. De fato, finais surpreendentes são muito bem vindos. Mas nesse caso, a coisa ainda vai muito mais além. Não há nada melhor do que terminar o filme vendo os personagens principais tendo um desfecho direcionado a tudo o que tinham provado na história, num final muito bem justificado. E é por isso que “Thelma & Louise”, no final das contas, ainda é um grande filme.  

5 comentários:

  1. Mais do que feminista, acho que o filme é sobre pessoas que resolvem sair do lugar em que foram colocadas pela sociedade e por elas mesmas.

    ResponderExcluir
  2. Nunca gostei da Geena Davis. Fiquei feliz quando ela saiu de cena. Mas não posso negar que está ótima em THELMA E LOUISE.

    O Falcão Maltês

    ResponderExcluir
  3. Ainda continua sendo um grande filme mesmo. Adoro aquele final... E, Geena Davis? Uma pena que tenha "decaído" tanto. Seria bom se ela voltasse aos grandes filmes ;)

    ResponderExcluir
  4. O meu grande pecado cinéfilo é ainda não ter conseguido assistir esse filme. Tantos anos de atraso me fizeram, logicamente, já saber até como ele acaba. hehehehe. Adorei o texto. parabéns :-)))

    ResponderExcluir
  5. O final do filme é mesmo a maior prova de liberdade das mulheres. Não poderia acabar diferente. Quanto às cenas citadas como deslocadas, recomendo o livro do Syd Field que o analisa, e justifica as cenas (pode continuar discordando, óbvio, mas é um bom ponto de vista). Enfim, Thelma e Louise é um grande marco!

    ResponderExcluir